Dia Internacional da Mulher     Uma Homenagem às Conquistas, Desafios e Vulnerabilidades das Mulheres

08-03-2025

O Dia Internacional da Mulher, celebrado a 8 de março, permite a reflexão, não só, das conquistas alcançadas pelas mulheres ao longo da história da humanidade, mas também traz consigo, a possibilidade de destacar os vários desafios e as desigualdades persistentes, que as Mulheres, na atualidade, ainda enfrentam. 

E embora seja motivo de celebração, relembrar todos os avanços que se fizeram sentir nas diversas áreas da vida pública e privada, é importante alimentar o debate, acerca das múltiplas vulnerabilidades sociais que as mulheres enfrentam, e o impacto que as mesmas acarretam na saúde mental das mulheres.

Conquistas das Mulheres

As mulheres têm desempenhado um papel fundamental em todos os setores da sociedade, contribuindo para o desenvolvimento económico, social, político e cultural. No entanto, as conquistas das mulheres não são apenas marcadas pela sua presença nos diversos ambientes sociais e políticos, aliás para que pudessem ter voz e papel ativo nestas áreas, foram criados diversos movimentos de resistência contra normas e expectativas que, historicamente, as restringiram.

Ao longo do tempo foram sendo conquistados, pelas mulheres, direitos fundamentais como o direito ao voto, à igualdade no acesso à educação, à profissão e à saúde, além de avanços significativos na luta pela equidade salarial e pela liberdade de escolha sobre os seus corpos e as suas vidas. A cada ano, a sociedade é testemunha do fortalecimento do movimento feminista, que continua a influenciar positivamente diversas gerações e a garantir mais espaços para que as mulheres possam se expressar e ocupar posições de liderança nas mais diversas áreas.

Os Diferentes Papéis Sociais da Mulher

A mulher contemporânea desempenha múltiplos papéis na sociedade: mãe, profissional, esposa, amiga, filha, e, mais recentemente, tem conquistado o papel de líder em diversas áreas. No entanto, muitos desses papéis podem gerar um grande peso emocional e psicológico. A expectativa social de que as mulheres tenham de ser perfeitas em todos esses papéis pode ser exaustiva e, frequentemente, pode levar à sobrecarga, a um fenómeno descrito como Burnout, caracterizado por um esgotamento físico e mental causado pela pressão constante imposta para atender às demandas externas.

Além disso, o papel de cuidadora da casa e da família, historicamente atribuído às mulheres, continua a ser uma responsabilidade desproporcionalmente compartilhada, o que limita as suas oportunidades de desenvolvimento pessoal e profissional. As mulheres muitas vezes são pressionadas a equilibrar o trabalho remunerado com as responsabilidades domésticas e familiares, uma carga que, muitas vezes, não é vista ou reconhecida na mesma proporção que os esforços dos homens.

Desvantagens e Maiores Riscos Sociais

Apesar dos avanços conquistados, as mulheres ainda enfrentam significativas desvantagens e riscos sociais. A desigualdade salarial, a violência doméstica e sexual, o assédio no trabalho e a falta de acesso à saúde de qualidade são apenas algumas das questões que afetam diretamente as mulheres.

A violência de género, em particular, continua a ser uma das maiores preocupações em muitas partes do mundo. Mulheres de diferentes classes sociais, raças e idades estão vulneráveis a abusos, o que impacta a sua saúde física, psicológica e emocional. Em muitas culturas, ainda prevalece a ideia de que as mulheres são responsáveis pela manutenção da harmonia familiar, o que faz com que muitas vítimas de abuso permaneçam em silêncio devido ao medo da estigmatização e da falta de apoio.

Além disso, mulheres negras, indígenas, de minorias sexuais e aquelas em situação de vulnerabilidade social enfrentam desafios ainda mais graves. A interseccionalidade — o conceito de que a discriminação pode ser multiplicada quando diferentes fatores, como raça, classe social e orientação sexual, se combinam — expõe essas mulheres a riscos ainda maiores de marginalização e exclusão social.

Saúde Mental das Mulheres

A acrescentar a todos os fatores sociais de risco, a saúde mental das mulheres é ainda um tema frequentemente negligenciado, apesar das evidências que mostram que estão mais propensas a desenvolver diferentes perturbações mentais, como ansiedade, depressão, e perturbação do comportamento alimentar. A pressão que as mulheres sofrem para se adequarem a padrões de beleza, a falta de apoio emocional e a constante sobrecarga de responsabilidades, podem contribuir para a instalação de um quadro de stress crónico, que, por sua vez, afeta e tem consequências diretas na  sua saúde mental.

O estigma em torno da saúde mental, especialmente no contexto feminino, também dificulta a procura de ajuda pelas mulheres. O medo de serem vistas como "fracas" ou "incapazes" de lidar com as suas emoções, pode levar a um afastamento do cuidado e do tratamento psicoterapêutico, resultando num agravamento do seu quadro emocional.

São vários os estudos que indicam que as mulheres são mais afetadas pela solidão e pela falta de redes de apoio, especialmente após eventos significativos como a maternidade ou o envelhecimento. Em muitos casos, a mulher internaliza todos estes fatores, acreditando que precisa de carregar o peso de tudo sozinha, o facto de silenciar todas estas dores e carga emocional, impacta profundamente a sua saúde mental.

A Importância do Reconhecimento e Apoio

Reconhecer as conquistas das mulheres é assim essencial, mas também é fundamental que a sociedade compreenda e suporte todas as suas vulnerabilidades. O Dia Internacional da Mulher deve ser, portanto, uma oportunidade para promover a reflexão sobre as questões de desigualdade social e de saúde mental que afetam as mulheres e, mais importante ainda, um convite para a ação, que permita que mudanças sejam feitas.

É essencial que, enquanto sociedade, continuemos a criar espaços seguros e inclusivos, que respeitem as diversas experiências de vida das mulheres, e ofereçam apoio para que elas se sintam livres de poder desenvolver todo o seu potencial. Para isso é necessário continuar a investir no fortalecimento da legislação para salvaguarda e proteção dos direitos das mulheres, e divulgar ações e promoção de campanhas de consciencialização sobre a importância do cuidado com a saúde mental.

Num mundo que ainda apresenta tantas desigualdades e desafios, o Dia Internacional da Mulher serve para nos lembrar que o caminho para a equidade é longo, mas que cada pequena conquista deve ser celebrada. A luta pela dignidade, pelo respeito e pela liberdade das mulheres é uma luta que deve ser de todos.

Ao reconhecermos as conquistas, mas também os desafios que as mulheres enfrentam, podemos criar um futuro mais justo e saudável para todas. Que este dia inspire mais ações concretas em prol da igualdade de género, da valorização das mulheres e do cuidado com a sua saúde mental.